Escrito por Victor Rebelo
O
espírita deve ser a favor ou contra o casamento homoafetivo? Diante de
tantas polêmicas e protestos que têm surgido, o número de adeptos com
este questionamento vem aumentando. O que pretendo, aqui, não é analisar
se a homossexualidade fere ou não os princípios do Espiritismo – isso é
tema para outro artigo e até mesmo para debates. A questão é o que se
deve levar em consideração a fim de se tomar uma posição – contra ou a
favor – em relação a oficialização jurídica do casamento entre pessoas
do mesmo sexo.
Mesmo
com essa aparente contradição, em maio deste ano, o presidente do CNJ e
do Supremo Tribunal Federal (STF) – ministro Joaquim Barbosa –
estabeleceu como norma que os cartórios não podem mais se recusar a
celebrar casamentos homoafetivos, assim como determinou que sejam
convertidas em casamento as uniões estáveis homoafetivas que já estavam
registradas. Fica claro que em um Estado laico, como o Brasil, as leis
não podem ser estabelecidas tendo como base crenças religiosas ou
valores morais, estes últimos formados em grande parte pela Religião e
costumes culturais.
Estando
cientes de como está nossa situação jurídica, vamos refletir um pouco
se podemos julgar o caráter ou o grau evolutivo de uma pessoa tendo como
base uma orientação sexual, neste caso, hétero:
1
– Podemos dizer que o fato de alguém ser heterossexual significa que
seja uma pessoa equilibrada e responsável, no campo do sexo e da
afetividade?
2 – O fato de um casal ser heterossexual é garantia de harmonia familiar, de que não existe violência ou maus-tratos no lar?
3
– Em nosso planeta, a maioria quase que absoluta da população é
heterossexual. Isso significa que não existem guerras, violência social,
desigualdades e miséria?
4
– O fato de um casal ser heterossexual é garantia de que ele irá
transmitir aos filhos valores como respeito, honestidade, trabalho,
etc.?
5 – Nossa cultura, basicamente heterossexual, está isenta de machismo e vulgarização da mulher e do sexo?
6
– E, para finalizar (sem esgotar o assunto): O fato de um casal ser
heterossexual é garantia de que seus filhos também serão heterossexuais?
Então,
se não podemos julgar o caráter de alguém pelo simples fato de a pessoa
ser heterossexual, o que nos leva a julgar o caráter (ou a evolução) de
alguém pelo fato de ser homossexual? A resposta é simples: nossas
crenças religiosas e preconceitos, afinal, quais são
os parâmetros, fora do âmbito religioso, para definir o que é certo ou
saudável se a própria Organização Mundial de Saúde retirou o
homossexualismo da lista internacional de doenças?
Hoje,
nossa sociedade está mais aberta para aceitar as diferenças, apesar de
ainda termos muitos preconceitos. As novas gerações estão muito mais
preparadas para conviver com os diferentes modelos familiares e
religiosos. Evoluir significa maior livre-arbítrio, mais liberdade de
escolha, mas como escolher se não tivermos opções?
Concluo
que cada um tem o direito de ser a favor ou contra a união homossexual,
conforme prega sua religião ou suas crenças pessoais, mas temos que
considerar e reconhecer – legalmente – o direito que todos temos de
constituir família, e se os parceiros forem do mesmo sexo, isso não deve
representar uma barreira jurídica à oficialização do casamento. Não no
Estado laico e democrático em que vivemos!
fonte:http://www.rcespiritismo.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário